"Educação para a cidadania como mudança do paradigma educativo."

10-11-2014 23:21

 

Está mais do que na hora de investir numa verdadeira política de educação para a cidadania, pois só com este investimento conseguiremos uma escola “aberta” aos problemas atuais, ou seja, uma escola que caminhe para uma cultura de instituição democrática, que reforce a capacidade socializadora desta. Só uma educação para a cidadania proporciona aquisição de competências que por sua vez irão permitir uma inserção responsável no seio de uma comunidade. Segundo Edgar Morin “ O papel da educação é de nos ensinar a enfrentar a incerteza da vida; é de nos ensinar o que é o conhecimento, porque nos passam o conhecimento mas jamais dizem o que é o conhecimento. (…) Em outras palavras, o papel da educação é de instruir o espírito a viver é a enfrentar as dificuldades do mundo”. O papel da educação é desenvolver no individuo a sua capacidade de raciocínio, reflexão que o levará a entender que só a aquisição de conhecimentos contribuirá para o seu desenvolvimento sócio, cultural e económico. Sem a educação, uma formação de capacidades não teremos como garantir uma vida estável e cidadã. Como cita Delors, 2003” Uma nova conceção ampliada da educação devia fazer com que todos pudessem descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo – revelar o tesouro escondido em cada um de nós. Isto supõe que se ultrapasse a visão puramente instrumental das educação, considerada como a via obrigatória para obter certos resultados (saber-fazer, aquisição de capacidades diversas, fins de ordem económica), e se passe a considerá-la em toda a sua plenitude: realização da pessoa que, na sua totalidade, aprende a ser. “ É necessário investir na formação como crescimento da própria pessoa, para que esta se torne agente da sua própria formação e não se verifique uma perda de confiança no sistema educativo. Para isso, o sistema educativo deverá também ele sofrer uma mudança. A escola estática, encerrada em si própria, com projetos estanques, como única detentora dos saberes está cada vez mais descontextualizada. Deve-se portanto, criar uma cultura escolar que por si só seja um espaço em que os próprios alunos participem ativamente no planeamento e acompanhamento dos diferentes projetos. Cabe aqui ao professor/educador enquanto agente educativo as tarefas de observação e guia, em suma o mediador da própria formação.

Há portanto a necessidade de colocar em prática a estratégia de Lisboa, alargamento do conceito de formação em que vivemos como por exemplo as necessidades impostas pela era da sociedade digital, bem como a implementação de uma política das novas oportunidades assentes na verdadeira vocação do individuo como agente ativo da sociedade. No entanto, esta igualdade de oportunidade, como o próprio nome indica, deverá ser uma igualdade de oportunidade para todas as pessoas e não apenas uma estratégia governamental que não passe do papel o que por si só levaria a mais desigualdades. Há portanto uma enorme necessidade do sistema educativo se adaptar a um emergente contexto multicultural, cada vez mais presente na nossa sociedade, em que as diferenças entre várias culturas são cada vez mais marcantes. Deve então o sistema educativo tornar-se mais aberto a estas mudanças, pondo de lado um ensino normalizado, em que os professores eram os detentores de um saber absoluto e fechado, o que por si só impede um conhecimento do ser humano, em que este é único mas que deve ser incluído numa sociedade que é global e que deve merecer a atenção de todas as reformas educativas.

 

Referências bibliográficas

 

TEDESCO, Juan Carlos. O novo pacto educativo: educação competitiva de cidadania na sociedade moderna. 2001.

DELORS, Jaques. Educação: um tesouro a descobrir.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação.2000.